18 de julho de 2018

Pacientes devem pesquisar sobre a qualificação de médicos

Mídia: O Globo
Editoria: Rio

O fim trágico de Lilian Calixto chama atenção para os perigos de procedimentos estéticos realizados com profissionais que não são qualificados. O médico Denis Cesar Barros Furtado, conhecido nas redes sociais como Doutor Bumbum, não tem CRM no Rio, o que era obrigatório para atuar profissionalmente no estado, e está foragido.
As bioplastias com uso de polimetilmetacrilato (PMMA), um material sintético, também entrou na berlinda. O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Níveo Steffen, ressalta que, desde 2006, o Conselho Federal de Medicina alerta os médicos sobre o produto por não existirem estudos de longo prazo sobre seus efeitos no corpo humano. Uma das principais complicações é o aparecimento de granulomas ou calcificações, como reação a um corpo estranho.

— A população corre sérios riscos com os apelos fantasiosos, imorais e mentirosos de falsos profissionais. Nos glúteos, a aplicação é feita por injeção intramuscular, o que agrava os riscos, já que esta é uma região em que existem muitos vasos sanguíneos. Se a injeção atingir vaso, pode levar à embolia pulmonar e à morte. A substância também não é absorvida pelo corpo, e reações a longo prazo são imprevisíveis. As sequelas podem ser irreversíveis. Isso quando o paciente não morre — destaca ele. PRÓTESES SÃO MAIS INDICADAS O cirurgião plástico André Maranhão, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da Regional do Rio, explica que a bioplastia é um preenchimento de uma região por algum material sintético para devolver volume, em especial quando há flacidez. São comuns as aplicações em glúteos e face. No entanto, a bioplastia não deve ser feita com PMMA e, para aumento de bumbum, não é a melhor opção.

— Os cirurgiões plásticos em geral preferem implantes de silicone ou fazer lipoescultura, que é a retirada de gordura de alguma área do corpo para injetá-la onde está faltando — diz ele.

O PMMA é um produto autorizado pela Anvisa para pacientes com HIV que tenham lipodistrofia facial (eles recebem aplicações em pequena quantidade).

— Para o glúteo, precisaria de um grande volume, o que não é seguro — ressalta.

Para Elvio Bueno Garcia, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da Regional de São Paulo, o médico deve ter um consultório regulamentado, na prefeitura e na Anvisa. E procedimentos assim só podem ser realizados em clínicas credenciadas ou hospitais.

Ao operar, recomendação é buscar informações.
Profissionais precisam comprovar registro e especialização na área.

Ao buscar um local para realizar cirurgias estéticas, o interessado deve, segundo especialistas e entidades de classe, tomar algumas precauções básicas. A primeira orientação é checar se o médico responsável pelo procedimento tem cadastro ativo no Conselho Regional de Medicina do estado em questão. Além disso, recomenda-se buscar profissionais com especialização na área — as duas informações podem ser localizadas na página do órgão.

Ser filiado à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica não é obrigatório, mas é outra forma de o paciente resguardar-se — mais uma vez, é possível fazer a checagem no site da entidade. Vale frisar que o procedimento deve ser feito em ambiente adequado, com todo o aparato necessário.

— Não se pode fazer abdominoplastias ou procedimentos na mama em local sem centro cirúrgico ou suporte para o caso de situações adversas — explica Nelson Nahon, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj).

Do ponto de vista administrativo, toda clínica deve ter exposto o alvará concedido pela prefeitura. Por fim, o paciente tem ainda o direito de exigir a apresentação da licença sanitária.

18 de julho de 2018

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